Raimundos: ‘Cantigas de Roda’ é pura raimundagem!

Após 12 anos, o Raimundos ressurge com um disco de inéditas – após algumas mudanças de formação, como a saída e o retorno do baixista Canisso, a entrada do baterista Caio no lugar de Fred, e o curto período com o baixista Alf, no lançamento do EP ‘.Qq Coizah’, de 2005 -, Cantigas de Roda, que só foi possível graças a ajuda dos fãs no esquema crowdfunding (a banda estipula uma meta em reais para conseguir fazer a produção completa do álbum e quem quiser ajudar faz o depósito; depois, cada doador recebe o cd, entre outros brindes, a depender do valor que contribuiu), que possibilitou a banda de viajar até Los Angeles (EUA) para gravar com o produtor Billy Graziadei (Biohazard), no estúdio dele.



Billy e os caras do Raimundos (Digão no vocal e guitarra, Marquim na guitarra, além de Canisso e Caio) conseguiram manter o espírito da banda em Cantigas de Roda, tanto na sonoridade quanto na parte mais individual dos músicos, as letras, em sua maioria sacanas e divertidas, com uma ou outra de cunho mais social aqui e ali.

Cachorrinha é a porrada que abre o trabalho, tão pesada e rápida que poderia fazer parte de Lapadas do Povo. Gato da Rosinha traz de volta o clima do primeiro disco, Raimundos, de 1994. Cera Quente eleva o astral com aquele típico clima de balada raimundesca, na linha de I Saw You Saying ou A Mais Pedida. O primeiro single, Baculejo, carrega a mistura perfeita que a banda sempre soube fazer: peso e melodia acessível, porém honesta.


Outros destaques vão para as porradas Rafael, Descendo na Banguela, Importada do Interior, BOP (que apesar de pesada e lentona, arrumou espaço até na trilha da atual temporada de Malhação) e o ska de Gordelícia, com ótimos metais.

Nó Suíno é o grande hino que o Raimundos trouxe em 2014; a letra conta por todas as durezas que a banda passou em sua volta ao underground, principalmente de 2007 em diante. Um hardcore de alta qualidade, com grande refrão e um destaque para o baterista Caio que caiu como uma luva na banda e levou o som do Raimundos a um outro nível técnico.

Após ouvir este disco, automaticamente me lembro da canção Marujo: “e é por isso que o Raimundos nunca vai se acabar!”


Pura raimundagem!


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