Cinco discos que fazem a diferença

Por Ronaldo S. Lages, colaborador do That Rock Music Blog!


Selecionei aqui cinco álbuns que marcaram a cena metálica nos últimos anos e fizeram a diferença no underground.

Kreator – Renewal

Em 1992 o Kreator lançou “Renewal”, para muitos fãs e imprensa especializada, um dos mais discutíveis álbuns dessa banda. Entretanto, que seja feita justiça jornalística para com esse disco dos alemães.
O próprio Mille Petrozza diz que a sonoridade de álbum não o agrada, contudo, uma audição mais atenta nos mostra o contrário, “Renewal” traz um Kreator mais cadenciado, sereno e até mesmo filosófico. À época, o som de bateria de Jürgen Ventor Reil fez os fãs do Kreator torcerem o nariz, mas se encaixou perfeitamente com a proposta do disco. Esqueça seus preconceitos, vamos dar um ponto a mais para os mestres do Thrash.


Entombed – Wolverine Blues

A Suécia sempre nos presenteou com grandes bandas do Death Metal, citar nomes aqui é chover no molhado. Na década de 1990, como se sabe, foi uma fase difícil para o Metal comercialmente falando. Entretanto, o underground, habitat natural do Entombed, estava muito bem, obrigado.
Nessa época, “Wolverine Blues”, seu álbum mais proeminente causaria estragos na cena; um dos mais competentes discos de sua discografia uniria em uma perfeita sinergia espontaneidade, ferocidade e feeling no seu nada usual estilo de compor. O destaque, como não poderia faltar aqui, vai para os riffs extremamente inteligentes e funcionais, além da voz potente e marcante de L.G Petrov.




Cathedral – Ethereal Mirror

O Cathedral possui diversos discos de alta qualidade, difícil apontar o melhor, vou me ater a este “Etheral Mirror”. A banda liderada por Lee Dorrian carrega em sua levada a mais pura essência do Black Sabbath. A paixão pelo quarteto de Birmingham está presente na música do Cathedral, levam às últimas consequências sua influência sonora. Ouvir o Cathedral é como ouvir um Black Sabbath pós-moderno tamanha é a semelhança, solos na melhor escola Tony Iommi, bateria “Wardiana” e o baixo que nos remete as patadas de Geezer Butler.
Para quem não ouviu nada do Cathedral ainda, pode começar por “Ethereal Mirror”, mas também, pode escolher qualquer álbum de olhos vendados, não tem erro.


Katatonia – Dance of December Souls

Novamente eles, os suecos, dessa vez é o Katatonia que dá as caras por aqui. Um dos primeiros álbuns da extensa discografia da banda é o clássico “Dance Of December Souls”, que assim como os outros citados aqui nessa coluna, balançaram as estruturas da cena.
Nessa época, o Katatonia ainda contava com os chamados vocais guturais semelhantes ao Black Metal, somado a uma sonoridade sorumbática, sim; esteja preparado para ouvir um dos discos mais melancólicos da história (não recomendado para depressivos crônicos). Em contrapartida, este “Dance Of December Souls” é um dos discos mais inspirados e bonitos do que convencionou – se a ser chamar de Death Doom Metal.


Paradise Lost – Icon

Com certeza, se um tivesse que fugir para uma ilha deserta e obrigatoriamente tivesse que levar um disco, este seria “Icon” do Paradise Lost.
O Paradise Lost foi um dos precursores do Metal gótico, inclusive, ajudou popularizar o estilo que hoje já está consolidado ainda no fim da década de 1980. Com álbuns irrepreensíveis, “Icon” é antecessor do multi - platinado “Draconian Times” de 1995.
Entretanto, “Icon” não perde em nada para seu sucessor, solos vibrantes, emoção em cada nota e vocal possante, diga – se de passagem, Nick Holmes deixou rastro na história desse estilo com sua grande presença de palco e o timbre que lembra  James Hatfield (Metallica).
Para quem quer ouvir bandas que flertam com o gótico de maneira inteligente, construtiva e sem aditivos ou oportunismos, o Paradise Lost deve estar presente nessa lista. Vida longa ao Paraíso Perdido.
           

Ronaldo S. Lages: é jornalista, publicitário, filósofo, sociólogo, teólogo, crítico literário, artista plástico e cambista no Pacaembu nas horas vagas.

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