Até que ponto o desrespeito vai ser tido como homenagem?

por João C. Martins

Devido a notícia de grande repercussão publicada por Regis Tadeu em sua coluna no Yahoo no dia 13/01/2014, chamada Na Mira do Regis, que falou da grande fraude que são, na grande maioria, esses “DJs” que fazem “shows” com status de grandes músicos, porém não passam de apertadores de tecla play, quando muito podem ser nomeados como Cheerleadears de fones de ouvido. Realmente um vexame, não só para a atitude deles, mas também para os pobres “desavisados” que os endeusam e não admitem uma crítica sequer. (Caso não tenha lido a matéria citada, basta clicar aqui para ir ao site).

Como bom fã de música que sou, confesso que não li nada nessa coluna, cujo o qual fosse novidade, particularmente falando, pois não costumo dar muito valor para quem não se da ao luxo de, nem mesmo, empunhar um instrumento, seja ele qual for, até mesmo um reco-reco, afinal de contas até mesmo um reco-reco exige que o cara saiba a hora de entrar na música, de contar o tempo, de ter o ritmo certo, et cetera et cetrera et cetera, já um “DJ” precisa somente saber o momento de atritar o mindinho, ou o seu vizinho, o de xingar, o fura bolos, ou o mata piolhos, qualquer um deles, já que é só uma tecla mesmo, e deixar rolar todo aquele mix, que embora eu corra o risco de queimar minha língua, não creio nem mesmo que tenha sido o tal fanfarrão que o elabore.

Aí você deve estar com aquela pulga atrás da orelha agora, meio que se perguntando: “Ok! Compreendo o que está sendo dito, mas se ele considera tão ilegal o fato dos DJs apenas usarem músicas já feitas, por que ele está se valendo de uma publicação já feita?” E se por ventura pensou, mesmo, isso, fico feliz, porque demonstra que não se contenta em ficar vendo sempre a mesma coisa, e que concordará comigo. Evidentemente o que vou falar tem alguma associação com essa matéria, talvez muita, e falará também de outros “músicos”, não só os DJs, que são endeusados pelo grande público, mas que - retomo à primeira pessoa – particularmente, acho uma grande demonstração de desrespeito e abuso. Desrespeito porque eles são indivíduos que pouco se importam com a história de uma música, ou até mesmo de uma banda, e abuso porque fazem fortuna com algo que só tiveram o trabalho de estragar. A nossa conversa será em torno de pessoas que fazem versões esdrúxulas de grandes clássicos da música.

O Rock não morreu… mas esforço para mata-lo não faltou.

Há tempos que isso me incomoda, mas sinceramente faltava é coragem para escrever algo sobre, não sei o porquê, contudo faltava. Gostaria de dizer antes de iniciar o esculacho, que não sou contra nenhum tipo de cover, ou até mesmo uma versão, muito pelo contrário, vejo em vários casos como uma homenagem, entretanto o essencial é que não falte com o respeito aos donos originais da canção.

Assim como esses que se escondem atrás de uma pick-up, os que vivem de versões tem o mesmo princípio, que é: Pegar um hit, estraga-lo, ganhar milhões, ficar famoso por ele, e cair no esquecimento.

Já que esse é um assunto que me deixa bastante chateado, irei mencionar aqui apenas três desse disparates, todas as faixas grandes, ou melhor imensos… inigualáveis clássicos, de bandas distintas, que foram, no mínimo, vilipendiados por esses malfeitores da harmonia. Sem mais delongas, a primeira é Limp Bizkit (Blargh!), estragando a maravilhosa Behind Blue Eyes.

Como deixo claro, The Who é minha banda favorita, é a que me incluiu no mundo do Rock, e ver uma bandinha desse porte, defecando - e poderia ser em qualquer uma - justamente numa das mais belas e tristes que Pete Townshend já escreveu, é de doer. Ela conta a história do próprio compositor, que após horas e mais horas sozinho compondo, talvez a tríade mais consagrada do Who, se sentiu como um homem mal, um homem triste, por trás daqueles olhos azuis, ah! Veja só que coincidência, é a letra da música quase tudo isso que escrevi. E você acha que a molecada que regravou deu a mínima pra isso? Que nada! É só colocar uns gemidos, uma contagem crescente, uma voz de puta cantando no lugar da fúria de Roger que tá certo… e o resto, é, o resto infelizmente é história. Como eu sofro com isso, farei com que você tenha um pouco de desprazer com esse post, primeiro vou colocar o vídeo original e depois a atrocidade, compare, veja se eu tenho razão ou não.

The Who - Behind Blue Eyes

 

Limp Bizkit - Behind Blue Eyes

 

Triste ter que ver isso, não? Pois bem, como diria o provérbio, Melhor ver certas coisas, do que ser cego. se bem que… Enfim, se a primeira foi assim, imagine o que está por vir.

A segunda fica a cargo de nossos compatriotas, veja só! Quem diria que o povo brasileiro seria capaz de estragar alguma coisa?

Há pouquíssimo tempo passou a circular na internet que uma tal banda sertaneja havia feito uma “homenagem” ao sagrado Pink Floyd, e com isso muit… Hãn!? Não não, você não entendeu errado, foi Sertanejo se metendo com Pink Floyd, e pra piorar se meteram com Another brick in the Wall! Até mesmo aquela brincadeira que nós fazíamos quando criança, dizendo “Hey! Chica! Deixa o gato em paz…” na métrica da canção, era menos ofensiva do que isso que essa dupla chamada Max e Luan fez. Tiveram além de tudo, a audácia de escolher outro nome, batizaram a desgraça de Até o céu. Eles deveriam estampar as capas de jornais, mas como assassinos do bom gosto. Conheço bestas que dizem, “Ah! Quanto mais divulgação melhor…”, só que quem foi que disse que Pink Floyd precisa de divulgação? Eles já fazem isso, e muito bem, desde  seu primeiro álbum, eles não precisam de dois aproveitadorezinhos de meia pataca. Quando descobri isso, fiz questão de mandar para minha namorada que é uma grande fã do Rock Progressivo dos caras. Do Pink Floyd estou falando.

Pink Floyd - Another Brick in the Wall (Part 1, 2 e 3)

 

Max e Luan – Até o Céu

 

Que bom que pelo menos eles não quiseram fazer, até agora, parte 1, 2 e 3, estragaram somente a parte 2 por enquanto.

Para finalizar o circo dos horrores, a que passei a saber da existência somente no último Domingo (12/01/2014) enquanto assistia um programa qualquer. Domingo maldito Domingo… Nossa! Isso da música né? Mas no lugar de maldito eu poderia usar Sangrento… hum, que ótima ideia, não? Pois é, uma ótima ideia, por isso que alguém já teve, e esse alguém foi o U2, na obra prima Sunday Bloody Sunday. A canção é uma desgraceira sem fim, fala de coisas tão pesadas, que até mesmo em um verso são entoadas as palavras “Por quanto tempo, por quanto tempo teremos que cantar essa canção?”. Atualmente, nas apresentações, Bono Vox, o frontman da banda, sai do palco na hora dessa canção, apenas The Edge e sua viola a cantam, porque ele é o único que ainda tem estômago pra tal. E nessa você deve estar pensando que uma bandinha de Rock qualquer gravou isso, sem nenhuma pretensão social, ou engajamento, né? Pois bem, muito se engana se é isso que pensa, pois quem gravou foi um pseudogrupo de pagode que atende pelo nome de Sambô, quando uso o prefixo pseudo é porque notavelmente o negócio deles é aparecer na TV, não tem nada de paixão pela música ou algo que o valha, grupo que fez sua fama única e exclusivamente por colocar no gênero em questão consagrados trabalhos do mundo do Rock ‘n’ Roll, e falando em Rock ‘n’ Roll eles já tiveram a pachorra de chalacear Rock ‘n’ Roll do Led Zeppelin, Smells Like Teen Spirit do Nirvana, Satisfaction (I Can’t Get No) dos Rolling Stones, além dos não Rocks como This Love do Marron 5 e I Feel Good (I Got You) do mestre James Brown… Ufa! Eles não se cansam. Se pensa que esqueci o prato principal, não se apresse caro leitor, isso tudo faz parte dos meus planos. Como disse a música do U2, Sunday Bloody Sunday tem uma temática muito forte, não é algo típico de churrasco e animação de festa, porém esses sapecas do Sambô, cantam, pulam, se divertem à beça cantando, e mais! Eles incluem numa parte que é só instrumental um “Ô Nêgo véio, ô Nêgo véio, ô Nêgo véio, ô Nêgo véio…”. Se eu tivesse que tecer elogios para a música talvez não fosse capaz de incluí-los num só post, mas como estamos falando de uma atrocidade, preciso ser sincero ao dizer que, tive que ouvir a versão deles enquanto escrevia, e isso me deu dor de cabeça exatamente às 19:07 desta terça-feira dia 14/01/2014. Escute se aguentar.

U2 – Sunday Bloody Sunday

 

Sambô - Sunday Bloody Sunday

 

Das três, sem contar todas as merdas que esses últimos fizeram, essa é a que considero A Mais Desrespeitosa, por tudo o que foi dito acima, e mais uma outra centena de fatores, que não tenho mais condições de elencar.

Então, só para não perder o fio da meada, retomando ao início, não considero esses DJs músicos, exceto aqueles dos Scratchings que pelo menos têm esforço para modificar a música, agora esses que são tão bons quanto os da formatura da escola, ou da festa de debutante da menina pobre, me desculpe, mas isso eu faço todos os dias aqui em casa quando aumento e abaixo o som do rádio, quando pulo e reorganizo as faixas no meu PC, e assim como essa classe aproveitadora, os conjuntos que foram o alvo do papo de hoje nada mais são que aproveitadores também, pois como já disse no decorrer desses caracteres, não há nada mais fácil que pegar um hit e canta-lo do jeito que quiser, fazer dinheiro e ficar famoso, enquanto nós, o que temos de fazer é rezar para que Deus permita que em breve caiam no esquecimento.

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