BLUE CHEER, O avô do Stoner.

A Caverna de John tem o orgulho de apresentar uma das bandas mais influentes, não apenas na história do Stoner, mas sim do Rock 'n' Roll em geral. Um dos percursores do Heavy Metal, nascido nos anos 60, especificamente em 1966, californiano, e fonte de inspiração, veja só, à Black Sabbath! A banda de hoje é BLUE CHEER!

BLUE CHEER!
Talvez você se lembre de quando conversamos sobre Hermano, banda de John Garcia (clique aqui para ver), e que em um determinado momento foi dito que o gênero dessa coluna tem um pai Inglês, Black Sabbath, contudo com um avô da Califórnia. Aquilo foi com intuito de chamar a sua atenção, já que estava até sublinhado, afinal de contas, quem seria esse tal avô? Evidentemente é o tema de hoje. 

Eles não são aquele tipo de banda que estamos acostumados a ver em links relacionados do youtube, ou ouvir tocando na rádio, pois apesar do nome que tem significado de Alegria azul (ou quase isso), e parecer bem fofo, eram muito pesados, tinham uma linha de baixo gordíssima, alguns riffs tidos como malignos, contudo as letras não aparentassem ter intencionalidade de propagar coisas más, a priori. O disco a ser falado, será o de estreia dos rapazes, Vincebus Eruptum (1968), e a formação nele foi: Dickie Peterson (Baixo e vocal), Leigh Stephens (Guitarra) e Paul Whaley (Bateria) - citados de acordo com a foto acima, da esquerda para a direita.


É uma obra-prima, realmente um álbum fundamental para qualquer um que goste de qualquer subdivisão no mundo do Rock. Ele contém seis faixas brutais, sou capaz até de dizer que não havia, na época, outra banda de tanta crueza como os caras. Era uma mescla de sujeira com raiva no cantar rasgado de Dickie, acompanhado da bateria sempre forte, riffs simples e muita distorção, exemplo disso da-se em uma frase que sempre era dita pelos seus integrantes, mais ou menos algo como: "Nós não criamos nada, o que fazemos apenas é pegar o blues e distorcê-lo até ficar irreconhecível".
A canção que abre o LP é Summertime Blues, vamos conferir.

 

Logo em sequência uma baladinha romântica, afinal todo mundo gosta de uma balada. Rock me Baby tem uma pegada mais voltada ao blues, porém a inconfundível guitarra de Stephens mantém a agressividade de sempre. Naquele tempo os grupos pareciam ser mais preocupados com esse fator chamado singularidade, que apesar de não terem tecnologia aos montes como hoje, cada um tinha algo de especial, não apenas nas características, mas sim sonoramente falando. Os timbres de Blue Cheer não são encontrados em outras bandas contemporâneas, tampouco em bandas atuais. Claro que uma característica ou outra é notável, mas nada muito similar, em partes algo bom, em outras ruim. Confira a número #2 nesse play.


Doctor Please é a terceira, e traz uma veia ainda mais agressiva dos caras. Composição de seu baixista e vocalista ela é mais longa nesse trabalho, e representa bem a questão da brutalidade deles. As palavras que parecem ser cuspidas no microfone, além de dar a sensação de ter sido gravada em uma única ida ao estúdio, pois conta com elementos que soam ser totalmente momentâneos, vale muito a pena ser ouvida.


A quarta é Out of Focus, também muito boa, ela tem ao término de todo riff um acorde muito doce e agradável, sem contar a dobra de guitarra perceptível no primeiro solo que dá um peso tremendamente maior para a canção.


  
Ela não é tão pomposa como as anteriores, talvez por uma razão que possa ser explicada com apenas duas palavras: Parchman Farm. Simplesmente a melhor do disco e é a que sucede a anteriormente citada, quem sabe por isso ela tenha esse papel de "levantadora". Sua introdução já é avassaladora, e possivelmente o que a torna tão esplêndida a esse ponto é o fato de repetir por diversas um verso numa estrofe, encerrando sempre com um verso mais curto. Se existe um nome técnico para isso eu não sei, caso não tenha invento um agora, chamará Fodão!


E encerrando o compilado Second Time Arround, que segue o mesmo ritmo de todas as cinco primeiras. Iniciando com umas viradas na batera, acompanhada pela guitarra um pouco mais à frente, mandando uma sonoridade que incontestavelmente proporcionou a várias bandas doravante a vontade de fazer algo parecido. Sem contar que próximo ao fim dela começa uma quebradeira que parece interminável, cheia de microfonia, parecendo ser tudo muito natural e improvisado, se puder ouça até o fim.


E esse é o Blue Cheer, se não o conhecia passou a conhecer, e se já conhecia com certeza concorda que é uma das melhores bandas da história!
Observações:


⦁    O nome do álbum é uma expressão do latim, que significa algo como, "Juntos Venceremos" (Não afirmo categoricamente, já que não se tem fontes confiáveis);


⦁    Há quem diga que as faixas Doctor Please e Out of Focus, foram escritas em torno de dez minutos por Dickie Peterson, paradoxalmente ao fato de serem as mais longas desse registro fonográfico;


⦁    Três das músicas que integram esse vinil são covers, sendo elas: Summertime Blues de Eddie Cochran (clique aqui para ouvir), Rock Me Baby de B.B. King (Clique aqui para ouvir) e Parchman Farm de Mose Allison (Clique aqui para ouvir), essa última fique claro que, sabe-se lá o porquê, no disco do Blue Cheer conste com o nome de Parchment Farm, embora o nome original faça muito mais sentido. Compare-as e escolha sua favorita.


Até a próxima.

Comentários