Resenha: Marrero, Nervochaos e Krisiun em São Paulo.

Nada melhor que um show de Rock 'n' Roll em pleno domingão, melhor ainda se for de graça, melhor ainda se reune três bandas pauladas do cenário Heavy Metal Nacional!
Neste domingo (24/11) o Centro Cultural da Juventude (CCJ doravante) teve o privilégio de receber o excelente Krisiun na sua The Great Execution Tour, excursão da banda para divulgação de seu último trabalho, o ovacionado The Great Execution (2011).



Antes da tão aguardada apresentação outras duas performances estavam por vir. Abrindo a tarde a ainda desconhecida, mas absurdamente cheia de boas propostas banda Marrero, que como dizem em sua página no facebook, fazem "canções de rock como noutros tempos, simples, diretas, baseadas em riffs densos e temas pesados cantados em português". Uma ótima explicação, não? Quando se referem a "riffs densos e temas pesados" irrefutavelmente o fazem, tendo inegavelmente uma grande influência de bandas de Heavy Metal dos 70s evidenciando sua busca em sempre manter vivo o clássico Sabbathiano, Master of Reality (1971). Suas canções são sempre extremamente engajadas, todas envoltas em temas políticos, religiosos e sociais, os caras mandaram ver em cima do palco. Pense por dois é uma deles que mixa tudo isso sobressaltando um estilo muito voltado para o Doom Metal, vale muito a pena procurar. Ah! E é claro que não poderia me esquecer, eles mandaram um cover irrepreensível de Snowblind do festivo e sombrio Vol. 4 de Black Sabbath!

Em sequência a plateia já aguardava ansiosa a entrada de Nervochaos, que desde 1996 já brutaliza ouvidos com pedradas de Death Metal, embora já tenha mudado bastante de formação a proposta dos caras de fazer um "deathão" continua a mesma desde o início. O show foi recheado de faixas de seu último play, To the Death (2012) que assim como os caras da Marrero, contém diversas faixas com temas religiosos, porém com uma veia um pouco - para não dizer completamente - mais satânica. De técnica incontestável o quarteto detonou a segunda apresentação da tarde com paulêras como The Exile, Total Satan e I Fuckin Hate You, fazendo headbanger bater cabeça até com a própria mãe. O ponto negativo da apresentação deu-se ao fato do microfone do vocal estar muito baixo e por um determinado momento ter teimado em não funcionar durante uma faixa toda, tirando esse pequeno contra-tempo foi um showzaço!


Por fim, já em torno de 18:30 foi a vez de Krisiun. A passagem de som dos caras já intimidava aquela cambada toda que se reunira para ver uma das maiores bandas de Death Metal da história. O aquecimento para a sessão que viria já dava indícios de que seria um belo espetáculo. A introdução da guitarra acústica de The Will to Potency foi a chamada para o palco, iniciando a apresentação de forma implacável. Contou com um set list que dava grande ênfase em seu último registro fonográfico. Apesar de ter ouvido - não nesse show, claro - muito fã falar besteira a respeito de The Great Execution¹, por ter deixado de lado (um pouco) aquela característica conhecida de seus trabalhos anteriores de
apenas agressividade, já que esse último record contou com uma pegada bem mais sonorizada, se assim se pode dizer, as que mais empolgaram a galera foram Descending Abomination, Blood of Lions (com um dos riffs mais headbangers do mundo) e Rise and Confront, todas dele além evidentemente dos clássicos já consagrados como, Cursed Scrolls do esplêndido álbum Conquerors of Armageddon² (2000), Combustion Inferno que é uma das mais famosas lançada em Souther Storm (2008), Kings of Killing de seu segundo trabalho de estúdio Apocalyptic Revelation (1998) e o cover que já vêm fazendo com alguma frequência de Venon, Black Metal (chega a ser impressionante como todos cantam com o coração na hora do "Lay down your souls to the gods rock 'n' roll!" realmente emocionante). Sem contar a paulada que todos esperavam e até foi solicitada em coro durante uma das pausas, pelos espectadores que é Black Force Domain (1995), só para frisar, é mais uma das que corresponde a minha teoria que toda primeira música de um disco tem que ser marcante, e essa além de primeira, pertence ao primeiro play, cujo o qual de mesmo nome. Infelizmente The Extremist¹ e Soul Devorer² ficaram fora da lista, mas mesmo assim foi uma brilante demonstração de Metal Extremo.

Como na apresentação anterior, alguns problemas com o microfone rondaram os caras, e justamente em Blood of Lions, confesso ter ficado frustrado com isso. Outro aspecto desfavorável, não por conta das bandas, era sua disposição no palco. Eles pareciam estar abaixo da pista, mal dava para vê-los - fique claro que tenho 1,90 de altura - no primeiro (Marrero) o baterista estava de lado, na segunda (Nervochaos) o batera também, parecia estar afundado num buraco, só se via os pratos balançando, e no último (Krisiun), o kit monstruoso de Max Kolesne estava no alto, consegui vê-lo em ação perfeitamente, entretanto os guitarristas, baixistas e vocalistas (no caso de todas as bandas) só se via do peito pra cima. Em partes sou culpado de não me meter lá na frente, mas entenda que já não tenho mais idade nem saude para isso, além de que foi gratuito, quem dera acontecesse mais vezes.

Outro ponto a ressaltar, agora no aspecto positivo novamente, é a felicidade perceptível de todos os integrantes que por ali passaram, em dividir com aquele público, na maioria Roots, toda a energia e vibração que estavam sentindo em estar em cima daquele lugar, sem pompa nenhuma, sem camarotes, sem ingressos caros, para pouco mais de 250 ou 300 pessoas. É isso que faz desses caras os monstros sagrados que são. Um muito obrigado \m/

E também gostaria de deixar registrado minhas sinceras desculpas por não ter fotos decentes do evento, justamente devido a esse problema do palco não consegui nada bom.


PS. O palco podia ser mais alto.

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