O velho e esquecido "meu próprio gosto musical"

Há alguns dias atrás eu estava assistindo no Youtube uma entrevista do Lobão no programa Agora é Tarde, apresentado pelo Danilo Gentili e em um determinado trecho o apresentador questiona o músico sobre o rock nacional, Lobão acabou falando também sobre a crítica especializada em rock e acabou dando dois exemplos de como para ele essa crítica "especializada" não existe:
1) segundo Lobão, em "uma revista grande", o jornalista ao fazer o review de seu disco ao vivo "Lino, Sexy & Brutal", afirmou que Lobão cometeu um erro na canção Ovelha Negra, de Rita Lee, ao trocar o "foi quando meu pai me disse filhA", por "foi quando meu pai me disse filho"; e
2) em uma outra revista, o jornalista ao fazer o review de um show seu afirmou que Lobão estava "sem repertório e por isso começou a tocar covers como "Vida Louca Vida" , de Cazuza", sem saber que, na verdade, a canção é do próprio Lobão!
Esses problemas levantados pelo lobo são, de fato, vergonhosos e resumem que a crítica especializada em rock no Brasil anda um tanto quanto... crítica (no sentido mais negativo). Nossos maiores e mais inteligentes nomes estão achando espaço na internet, como o sagaz Gastão Moreira fazendo o Heavy Lero, programa semanal com o genial Bento Araújo (como sempre digo, um dos três ou quatro caras que me fizeram querer ser jornalista musical), ou como o afiado Regis Tadeu, que mantem posts excelentes no Yahoo. Claro que esses caras não largaram a TV ou a mídia impressa, mas a impressão que dá é que as revistas que "cuidam" do rock no Brasil não tem mais a relevância de outros tempos.
E na internet (blogs, sites especializados) a coisa não muda. Só que pelo lado contrário, é um cuidado tão excessivo que a maioria acaba virando uma cagação de regras sem tamanho. Na internet todos são donos da verdade. O maior exemplo disso foi quando saiu o novo disco do Black Sabbath. Sendo de quem é e da maneira como foi (banda criadora do heavy metal, reunião dos membros originais, etc, etc, etc), logo a cagação comeu solta: de um lado a turma do "é Black Sabbath e se você não curtir esse disco você é um bosta que não entende porra nenhuma", do outro a turma do "só porque é Black Sabbath vocês estão babando ovo, não tem nada demais, vocês não entendem porra nenhuma". Tudo em nome da liberdade de expressão, não é mesmo?
O que aconteceu com o "eu gostei" e o "eu não gostei"? E o que aconteceu com os porquês de um ou de outro? Por que entender de música passa necessariamente pelo crivo do que o crítico acha que é certo ou não? Você tem a liberdade de achar um bosta quem discorda de você, mas seria muito mais legal explicar os motivos do que te leva a ter uma opinião diferente.
Eu sempre tentei escrever resenhas com a minha visão sem nunca impor a verdade absoluta do tipo "se você não concorda, você não entende nada". Eu tento demonstrar o porque acho aquilo que estou escrevendo, ou então demonstrar em palavras o que a música me passou. E esse também é um dos motivos do That Rock Music Blog! ter surgido. Tentar escrever em blogs de música hoje em dia (claro que há exceções) significa se alinhar com a opinião do dono do negócio. Não há poder para discordar. Coisa que eu abomino nesse tipo de meio de comunicação.

E isto acaba gerando uma influência - principalmente nos mais jovens, aqueles que "vão com a maioria" - do tipo "se os caras falaram, tá falado, é isso mesmo", coisas do tipo: "o fã de heavy metal tem que odiar new metal", "o fã de Iron Maiden vai expulsar o Avenged Sevenfold do palco no Rock in Rio", "o Monsters of Rock tem o dia da música da verdade e o dia dos moderninhos de merda", "eu só ouço metal extremo, o resto não é pesado, é lixo", "eu não ouço metal extremo, é só gritaria", "não ouço essas coisas velhas dos anos 70", e barbaridades do tipo. E todos os exemplos que eu citei eu já ouvi "ao vivo". Na lata. Esse paradigma tem que ser quebrado. Meus respeitos a quem sai na rua vestindo uma camiseta do Iron Maiden e ouvindo Korn no mp3. Meus respeitos também a quem não gosta dessas bandas mas as respeita, assim como os fãs.

Sua opinião é formada pelos caga-regras? Shame on you!
E é por isso também que quem escreve hoje neste blog - e quem poderá a vir escrever no futuro - tem total liberdade para emitir a opinião que quiser assinando seu nome no que escreve. Eu jamais proibiria qualquer um de falar bem do Nirvana no blog que eu edito porque eu não curto nem um pouco o Nirvana. E não acharia ninguém que diga que o Nirvana era genial um babaca.
Aqui no That Rock Music Blog! nós mostramos os porquês gostamos ou não gostamos, o que a música nos passa e não impomos, e nem nunca vamos impor, o que você deve ouvir e o que nós achamos que você é por gostar ou não gostar de determinada banda ou disco. Aqui não seguimos uma linha editorial do tipo "tais bandas são boas e tais bandas são ruins". Pelo contrário, eu até gostaria de ver mais opiniões diferentes aqui. Sempre me lembro de uma edição da Rock Brigade na época do lançamento de Psycho Circus, do Kiss, onde na matéria colocaram duas resenhas: uma de um redator que gostou do álbum e uma de um que não gostou.  Ainda quero ver isso acontecendo aqui no TRMB!
Não somos perfeitos, já erramos e erraremos mais vezes, mas aqui o leitor/ouvinte não será julgado por sua opinião ou gosto.
Aproveito também este post para oficializar o novo layout do Blog. Mais dinamismo e agilidade nas notícias e matérias especiais postadas aqui.
E não se esqueçam de divulgar o blog e a página no Facebook para todo mundo que gosta de música!
Carlos H. Silva




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