Kingdom Come, a preciosidade de Sir Lord Baltimore


Por Rose Gomes


Não. Não se trata de nenhum Lord Britânico do século passado, muito menos deste e sim, de uma banda  americana do final dos anos 60 que é considerada por muitos como a primeira a gravar um disco de heavy metal.


Formada em 1968, no bairro americano do Brooklyn, em Nova York, o Sir Lord Baltimore era composto por Louis Dambra na guitarra,  Gary Justin no baixo e John Garner nos vocais e na batera. Foram descobertos por Mike Appel (que seria o futuro manager de Bruce Springsteen) que até então não passava de um empresário iniciante e acabou sendo o responsável pelo nome da banda e pela produção do disco debut dos caras, além da co-autoria de diversas faixas.
  



No final da década de 60 o trio iniciou as gravações de “Kingdom Come”, seu bem sucedido álbum de estreia que contou com a produção do já citado Mike Appel, além de Jim Cretecos e Eddie Kramer (conhecido por trabalhar com Jimi Hendrix, Beatles, Stones e muitos outros). Durante uma temporada os caras se alternaram entre os estúdios Electric Lady  de Nova Iorque e o Vantone Studios de  New Jersey para conceberem o que viria a ser um dos discos mais valiosos e raros, uma verdadeira preciosidade do rock setentista.

Com grandes riffs, solos engenhosos, baixo pesado e bateria nervosa, chegava às lojas no final de 1970 “Kingdom Come”, considerado por muitos como o primeiro álbum de "Heavy Metal" da história, título que “nasceu” graças a uma resenha  feita sobre o álbum  por Mike Saunders, crítico musical da revista  americana Creem, que usou pela primeira vez o termo Heavy Metal  para classificar um estilo de música.


O disco é composto por dez faixas das quais (na minha humilde opinião), sete são imperdíveis. A harmonia entre o instrumental, em especial a guitarra e a bateria, seja nos riffs vibrantes ou nas viradas primorosas, se mostram presentes em músicas como as magistrais Master Heartache  e Hard Rain Fallin, esta  com uma performance destruidora de Louis Dambra na guitarra. Não posso deixar de destacar o vocal raivoso e intenso de Garner  que, aliás, se faz presente em todo álbum. Seja de maneira mais “psicodélica” como nas faixas Lady of Fire que dá a dimensão do que seria o trabalho de Jimi Hendrix se fosse mais pesado, (uma das melhores faixas do disco) ou na brilhante  Pumped Up, que mostra mais uma vez os dotes guitarrísticos de Dambra e revela o baixo forte e marcado  de Gary Justin.




A faixa-título Kingdom Come talvez seja a mais “heavy” do disco, o que fica evidenciado tanto no instrumental  - muito mais pesado – e no vocal, que se torna bem mais “feroz” em relação à outras faixas. As deleitáveis Hell Hound e Helium Hound  mostram mais uma vez, a grande estrela do disco, o instrumental muito bem executado.



Kingdom Come é um dos melhores álbuns da década de 70 e revela o que estaria prestes a acontecer no cenário musical da época. Infelizmente foi o único disco de expressão que o Sir Lord Baltimore nos deixou de herança. E vale muito a pena ouvir.


Lado A

  1. "Master Heartache" – 4:37
  2. "Hard Rain Fallin'" – 2:56
  3. "Lady Of Fire" – 2:53
  4. "Lake Isle Of Innersfree" – 4:03
  5. "Pumped Up" – 4:07
Lado B
  1. "Kingdom Come" – 6:35
  2. "I Got A Woman" – 3:03
  3. "Hell Hound" – 3:20
  4. "Helium Head (I Got A Love)" – 4:02
  5. "Ain't Got Hung On You" – 2:24 




 


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