Gold Against the Soul e os 20 anos de um belo disco injustiçado


Por Rose Gomes

Hoje vou falar de um álbum que gosto demais, de uma das bandas que estão no meu top 3, e que neste mês completa 20 anos de existência, o Gold Against the Soul, da banda galesa  Manic Street Preachers. O clã de fãs mais xiitas, (quem me conhece sabe que tenho verdadeiro horror a esses seres) “julgam” como não sendo verdadeiros fãs àqueles que gostam deste álbum, por se tratar de um trabalho menos fraco, ou seja lá qual o fator que sai da cabeça doentia de um “fã” destes. Fato é que Gold Against the Soul é meu disco preferido da banda e continuará sendo, não importa o que meia dúzia de Zés Manés, lá, do outro lado do mundo pensem.

Com letras bem menos políticas do que seu antecessor - Generation Terrorists, de 1992 – mas mantendo um certo tom socialista e provocador, este disco reflete uma espécie de desespero e melancolia, que podemos perceber na maioria de suas letras, (muitas compostas por Richey James, o carismático, performático e problemático guitarrista da banda), bem como na forte e intensa interpretação do vocalista e guitarrista James Dean Bradfield. O trabalho recebeu críticas mistas da mídia especializada. Enquanto muitos viam o disco como "falho, mas intrigante", outros viam como “cheio de harmonia por toda parte". Até mesmo a própria banda andou descrevendo o álbum como seu menos preferido e James disse certa vez que gostaria de ignorá- lo, mas que não podia.


Bom, críticas à parte continuo mantendo Gold Against the Soul na minha prateleira de melhores álbuns dos anos 90 e álbuns preferidos.


O disco já inicia muito bem com a empolgante Sleepflower que traz riffs precisos e letra inquieta. A faixa traz belo solo de guitarra  com a participação muito bem excecutada do baixo.

From Despair to Where, a segunda canção do álbum, traz uma das melhores interpretações vocais de Bradfield, guitarra chorosa e letra melancólica. “Não há nada de bom em minha cabeça, o mundo adulto levou tudo embora.”


A terceira faixa possui uma das mais belas melodias e letras da banda. La Tristesse Durera, (literalmente "a tristeza durará") teriam sido as últimas palavras do artista Vincent van Gogh, e apesar disso, não fala sobre o pintor e sim, sobre um veterano de guerra. Tem um belo solo de guitarra e mais uma vez interpretação intensa de Bradfield que grita ao quatro cantos que a tristeza vai continuar.

Gold Against the Soul ainda traz as faixas Yourself, com destaque para o baixo marcado do carismático Nicky Wire e a muito bem executada bateria de Sean Moore, a chorosa e intrigante Life Becoming a Landislide (“Minha ideia de amor vem de um vislumbre de infância pornográfica, embora não haja um amor verdadeiro, apenas um ciúme afinado”) e a “noventista” Drug Drug Druggy, com riffs distorcidos e bateria quebrada.

Roses in the Hospital, é a segunda faixa de grande destaque do álbum. A música apresenta pegada bastante harmoniosa entre guitarra, baixo e bateria e mais uma vez o vocal gritante e potente de Bradfield mostra as caras. “A independência é um jogo, sempre sempre atrasada, credibilidade, estou bocejando...” 



Ainda completam o excelente disco Nostalgic Pushead, Symphony of Tourette (com bela guitarra e batera) e a homônima Gold Against the Soul.


Difícil entender como um álbum com músicas tão intensas é visto pela maioria como um dos mais fracos da banda. Se um dia James & Cia aterrissarem em terras brasileiras e resolverem nos brindar com ao menos duas faixas deste disco, certamente perceberão que se trata de um trabalho brilhante, muito bem visto por fãs da verdadeira música, aquela que é feita com a emoção digna de talento, coisa que nem todos os “envolvidos” no mundo musical tem.

1. "Sleepflower"    
2. "From Despair to Where"           
3. "La Tristesse Durera (Scream to a Sigh)"            
4. "Yourself"          
5. "Life Becoming a Landslide"       
6. "Drug Drug Druggy"      
7. "Roses in the Hospital"
8. "Nostalgic Pushead"      
9. "Symphony of Tourette"             
10."Gold Against the Soul"         
    

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