Os 40 anos de Aladdin Sane, obra-prima de Bowie



Por Rose Gomes



Neste mês um dos álbuns mais lendários da história completou 40 anos. Aladdin Sane, do músico inglês David Bowie, traz uma mistura de influências que vão desde as guerras mundiais e o holocausto, passando pelo livro "Vile Bodies" de Evelyn Waugh, chegando ao aspecto glam rocker dos músicos da época, sem esquecer da evidente inspiração tirada dos Stones. Foi escrito na estrada durante a turnê de seu álbum anterior, The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, sob pressão da gravadora. E podemos dizer que esse foi o único caso em que trabalhar sob total pressão deu certo.

Não se trata exatamente de um álbum conceitual, embora o material tenha uma certa lógica. Segundo Bowie à época de seu lançamento, “as músicas não eram para formar um álbum conceitual, mas, olhando agora, parece definitivamente haver uma ligação de uma para outra”.

A obra de Aladdin Sane já começa pela capa, feita pelo fotógrafo Brian Duffy que retrata o cantor com um raio, (curiosamente o símbolo da Panasonic) pintado em seu rosto, exibindo uma espécie de caricatura andrógina e ao mesmo tempo alienígena que até hoje é lembrado pelos fãs com verdadeira paixão. Foram dezenas de fotos e Bowie escolheu sua preferida, que se tornaria uma das imagens mais emblemáticas da música e de sua carreira.  Pronto, a primeira parte de Aladdin Sane já estava cravada na história.
 

Extraído do livro Any Day Now, de Kevin Cann.


O disco abre com a bem trabalhada Watch That Man que mostra clara influência de Stones, enquanto que a próxima faixa, Aladdin Sane, tem no seu título um trocadilho com a frase "A lad insane", um rapaz insano. Os anos que se seguem em companhia ao nome da canção (1913 - 1938 - 197?) fazem referência às datas anteriores ao inicio da Primeira e Segunda Guerra Mundial, respectivamente. Já o terceiro ano seria a véspera da Terceira Guerra Mundial, que poderia acontecer no ano do lançamento do álbum. Vale destacar o solo de piano suave e impecável desta música.

Drive In Saturday é a próxima da lista e chega trazendo o saxofone em melodia suave e letra apocalíptica, que em conjunto com os belos backing vocals torna-se uma das mais adoráveis do disco, que faixas depois faz surgir Cracked Actor, um dos destaques do álbum. Com letra pesada cita o uso de drogas e prostituição e vem com um instrumental que chama a atenção: belos riffs, gaita poderosa e viradas engenhosas na bateria.





A poética e performática Time mais uma vez  apresenta o belo piano como personagem principal que em dueto com a intensa interpretação de Bowie traz uma sensação quase teatral.

O disco ainda conta com The Prettiest Star que é uma regravação saída de um single de Bowie de 1970, Let´s Spend the Night Togheter, cover mais rocker dos Stones e muito bem executado e The Jean Genie, grande clássico inspirado em Iggy Pop e no escritor francês Jean Genet, que traz uma batida levemente blueseana, destacando a  gaita carismática.

Lady Grinning Soul encerra essa fantástica viagem com um piano dramático e performance suave de Bowie para a apaixonante declaração de amor feita à musa de Brown Sugar dos Stones, a cantora Claudia Lennear.

Vale destacar  também o incrível trabalho dos músicos envolvidos e o excelente backing vocal de Linda Lewis, que ajudaram a dar a identidade certa para o álbum, que é uma verdadeira referência musical.









Aladdin Sane - David Bowie

1. "Watch That Man" 
2. “Aladdin Sane (1913-1938-197?)" 
3. "Drive-In Saturday" 
4. "Panic in Detroit" 
5. "Cracked Actor" 
6. "Time" 
7. "The Prettiest Star" 
8. "Let's Spend the Night Together" 
9. "The Jean Genie" 
10. "Lady Grinning Soul" 

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