Mike Portnoy e sua sábia decisão em 2010


Ou Mike Portnoy e seu grande blefe que não deu certo em 2010.

--->>> Coluna Oceaga

Por Carlos H. Silva

Esta semana foi lançado o vídeo para Elevate, excelente canção do The Winery Dogs, nova superbanda do rock.

Junto com este lançamento vieram os elogios aos caras que fazem parte da banda, ninguém menos que Billy Sheehan, Ritchie Kotzen e Mike Portnoy.

E foi este último que me levou a esta coluna de hoje.

Mike Portnoy replicou em seu twitter um comentário de um fã que dizia: “após ouvir o The Winery Dogs, tenho cada vez mais certeza que o Portnoy fez a coisa certa em 2010”.

Crédito foto: página "Meme Theater", no Facebook


Ao “fez a coisa certa em 2010”, obviamente o cara estava se referindo ao fato de Mike ter deixado o Dream Theater em 2010.

No dia 8 de setembro daquele ano, Portnoy anunciou sua saída: "estou comunicando algo que nunca imaginei que faria: estou deixando o Dream Theater (banda que fundei, liderei e amei verdadeiramente por um quarto de século)", dizia o anúncio em seu site oficial; banda que até hoje ele diz que era o seu “bebê”, banda que ele criou, que ele administrava, produzia, cuidava do marketing, era o showman, o baterista que tocava de pé com sua bateria gigantesca e passava o show todo cuspindo para o alto, o cara que até saía no centro em algumas fotos. O dono da banda.

Daí, do nada, o cara decide que quer dar um tempo com a banda; segundo os membros do Dream Theater, “uma parada de cinco anos para se dedicar a outros projetos com um retorno triunfal com uma turnê mundial”, segundo Portnoy, “uma parada de um ou dois anos para reabastecer as energias”.

Pelo visto a banda não era tão “só” dele assim (John Petrucci e John Myung também são membros fundadores), já que se fosse realmente o dono, o conjunto teria, obviamente, parado pelo tempo que ele queria.

Mas os caras preferiram continuar. Portnoy não aceitou continuar e disse que preferia pular do barco. Alguns juram até hoje que era um blefe do baterista para fazer os caras pararem, já que era difícil imaginar Dream Theater sem Portnoy. Mas o blefe não deu certo e os caras disseram simplesmente um "Ok", quando ele fez sua ameaça. Reza a lenda que o baixinho até voltou atrás, mas que não rolou. Petrucci e cia quiseram seguir em frente. Através de uma audição com vários grandes bateristas do mundo todo (incluindo o brasileiro Aquiles Priester), contrataram o americano Mike Mangini, um mestre do instrumento.

Será que foi uma decisão ou um blefe que não deu certo?


É aí que vem o tweet que mencionei no início.

Os fãs não gostaram, afinal, apesar de Mangini ter sido muito bem aceito, ainda vêem a banda da mesma forma como o ex-baterista vê: “o bebê do Portnoy”.

Eu já penso igual ao cara do tweet. Acredito que a melhor coisa que ele fez foi deixar o Dream Theater. Os motivos?

    a)   O Dream Theater ganhou um baterista superior ao Mike original (ou se preferirem: tão bom quanto) e ganhou a revitalização que tanto precisavam, algo que levaria mais alguns anos caso dessem uma parada, e ainda lançaram um dos melhores discos da sua história: A Dramatic Turn of Events (2011) e já estão em estúdio preparando o sucessor.

    b)   Portnoy, desde que deixou o Dream Theater há 3 anos, surgiu com três – sim, eu escrevi três – novas bandas, todas consideradas superbandas (vários integrantes com gabarito musical) e as três são excelentes – sim, excelentes. Mike parece que está fazendo o que sempre quis: está tocando por pura diversão sem o comprometimento com a empresa Dream Theater, fazendo sons diferentes e ainda rodando o mundo como músico da banda de Neal Morse e já garantiu que um disco novo do Transatlantic (outro de seus projetos paralelos, mas existe desde o início dos anos 2000) está nos planos.

     Mike Portnoy está aparentemente feliz. Vive postando em seu twitter que nos últimos anos tocou com uma quantidade absurda de músicos, em uma quantidade absurda de lugares do mundo, e uma quantidade grande de diversidade musical; vem tocando rock progressivo com o Flying Colors, um metal mais moderno e agressivo com o Adrenaline Mob, e agora um hard rock bem técnico com o The Winery Dogs.

     O Dream Theater segue firme e forte, sendo os músicos fora de série que sempre foram e apenas querem continuar focados na banda, sem projetos paralelos, sem pausas. Um disco novo deve sair ainda este ano e não tenho dúvidas da qualidade. Mike Mangini foi a escolha certa e a banda continua referência no estilo.

     Claro que ainda deve rolar uma "viuvice", especialmente dos fãs do Portnoy que não aceitam a banda com outro cara, e até mesmo do próprio, que vez ou outra ainda fala de seu "bebê" com uma nostalgia tremenda. 

     Mas não dá para negar que esta separação rendeu ótimos frutos.


Vejam (ou ouçam) as quatro melhores razões para a saída de Portnoy do Dream Theater ter sido algo ótimo para o rock progressivo, o heavy metal e a música em geral:

The Winery Dogs - Elevate



The Flying Colors - Blue Ocean



Adrenaline Mob - Indifferent



Dream Theater - Breaking All Illusions

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